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Quando foi a primeira festa junina?

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Desde criança, você já tem todas as músicas de quadrilha na ponta da língua e mal espera para chegar o mês de junho para usar e abusar das roupas quadriculadas sem culpa, pintar a cara de sardinha, usar bigode falsos e, principalmente, desfrutar do melhor da culinária regional, dos pratos típicos e do mingau ao vatapá, não é mesmo?! Isso sem contar os momentos maravilhosos com a família e amigos. É diversão pra burro, sô! Mas você já se perguntou como começou essa tradição que se arrasta por todo o Brasil? Então, a Dom Nato conta.

Arraial da Colônia

A festa junina é uma das tradições trazida pelos portugueses na época da colonização do Brasil, a partir do século XVI. Apesar de hoje em dia celebrar os Santos Antônio, João e Pedro, o curioso é que a festa já existia antes da era cristã. Era uma celebração pagã que comemorava a fertilidade da terra e as boas colheitas, em um período do ano conhecido como solstício de verão, que também é em junho. Por coincidência (ou não), a festa junina já acontecia em 24 de junho, dia de São João.

Posteriormente, a Igreja Católica usou o ditado “se não pode vencê-las, junte-se a elas” e cristianizou a festa, que passaram a ser chamadas de joaninas, em homenagem a João Batista (o São João), primo de Jesus, segundo a religião.  Foi assim que se tornou o que conhecemos hoje, com três datas de destaque: 13 de junho, dia de Santo Antônio, 24 de São João e 29 de São Pedro.

Historiadores relatam que a festa foi bem aceita e incorporada ao Brasil, já que se assemelha bastante às culturas dos povos indígenas e africanos que aqui viviam.

Mas a maior característica da festa junina no Brasil é a valorização da cultura caipira, certo?! Isso acontece porque, até meados do século XX, 70% da população brasileira vivia no campo.

A festa pelo Brasil

De pouco a pouco, as festas juninas começaram a se espalhar pelo país, ganhando maior força na região Nordeste. Até hoje, é lá, na terra de Luiz Gonzaga, que as comemorações são mais acirradas e esperadas. Durante o mês inteiro são vários os concursos de melhor quadrilha e intensificação do já muito bem propagado forró da região. É um arrasta-pé sem fim!

Não é à toa que a maior disputa do título de maior São João é entre as cidades de Caruaru, no Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba. Elas ficam a 135 km e chegam a dividir o mesmo público. As duas se intitulam o maior São João do Mundo e contam com programação em vários bairros, espalhando a festa por todos os cantos da cidade, com bandas de forró e até trios elétricos. Caruaru se destaca por suas comidas típicas e gigantes, como a Maior Pipoca, o Maior Quentão e o Maior Cuscuz do Mundo, este último com 600 kg.

Já a região Sudeste é marcada pela cultura de rodeios e as festas de peão boiadeiro. As festas ocorrem especialmente em São Paulo e Belo Horizonte. Na capital mineira, a maior celebração é o Arraial de Belô, que existe desde 1979 e reúne duas competições de quadrilha — Concurso Municipal (com quadrilhas da cidade) e o Festival Estadual de Quadrilhas (com grupos de todo o estado). Na cidade paulista, devido à forte migração nordestina, a cultura também é muito forte. O São João de Nóis Tudim, por exemplo, é uma festa tradicional realizada no Centro de Tradições Nordestinas (CTN) e conta com diversas atrações, como shows, peças teatrais, festivais de quadrilhas, oficinas com aulas de dança de forró e apresentação de grupos folclóricos.

A festa junina no Sul se diferencia por seu vestuário e danças, deixando à mostra a tradição gaúcha, com vestido de prenda rodado para as meninas e a bombacha e o lenço no pescoço para os meninos. As músicas são o vaneirão, o chamamé e o xote gaúcho.  

No Norte, por sua vez, a festa tem grande apelo católico e, por isso, datam-se de acordo com os dias dos santos. As festividades das igrejas e paróquias dominam cada canto dos municípios, como em Belém. Nos arraiais, pode ter fogueira, foguetório, mastro, estalinho e estrelinha.

As competições de quadrilha na capital do Pará estão cada vez mais disputadas e organizadas, e a tendência é só crescer, comparando-se até mesmo aos desfiles de Carnaval de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Em Manaus, o centro das atenções é o boi, com disputa entre os grupos Caprichoso e Garantido no Bumbódromo de Parintins no final de junho.

Pra encher a pança!

A inserção da festa junina no período da colonização fez com que os pratos típicos desse período abrangessem tanto características européias quanto indígenas e africanas. Dentre os pratos típicos, destaca-se o mingau. Com nome tupi que significa “comida que gruda”, o mingau é agrado para todas as idades e tem diversos sabores, como aveia e milho. É feito de trigo, leite e açúcar e tem consistência de “papa”. Servido ainda quente e com canela por cima, é uma delícia que os paraenses não deixam de lado, mesmo nas demais épocas do ano.

O vatapá local, feito com trigo, leite de coco, jambu, tucupi, dendê e aqueles camarões graúdos, não pode faltar em hipótese alguma. Ele é fruto da mistura da cultura africana com os ingredientes nativos do estado e já se tornou símbolo do Pará.

Outros pratos variados para o almoço e jantar, como arroz com galinha, churrasco, arroz com bacalhau, feijão tropeiro e até mesmo o tacacá fazem a alegria da barriga dos festeiros e dão muita água na boca!

Para o lanche e a sobremesa, são várias opções: bolo de fubá, de chocolate, bolo podre, paçoca, pé-de-moleque, pipoca, queijadinha, canjica, cocada e por aí em diante. O importante é não perder tempo e aproveitar as comemorações de junho o máximo possível!

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Como surgiu o Pastel de Belém?

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Se você pensa que em Portugal só se come bacalhau, está enganado. Na verdade, o país do velho continente é famoso por seus quitutes e, inclusive, muitos de seus doces acabaram atraindo, antes e hoje, a clientela no Brasil, como o Pastel de Belém.

Um doce secular

Não, o Pastel de Belém não é da capital do Pará, mas, sim, da divisão administrativa de mesmo nome que faz parte do município de Lisboa. Sua história remonta ao século XIX, no Mosteiro dos Jerónimos. Lá, existia uma refinação de cana-de-açúcar associada a um pequeno comércio.

Tudo ia bem, mas, na época, Portugal tinha acabado de passar pela Revolução Liberal, também conhecida como Revolução do Porto, um levante popular que exigiu o retorno de Dom João VI a Portugal. Por consequência, todos os conventos e mosteiros da nação foram encerrados em 1834. Os cleros e os trabalhadores foram expulsos.

Diante dessa situação, a única saída que os monges jerónimos encontraram foi vender doces pastéis nessa loja. A notícia se espalhou e, logo, as pequenas delícias ficaram conhecidas como “Pastéis de Belém”.

O lanche era tão irresistível que atraía clientes até de Lisboa, que, no período, ficava distante da zona de Belém e era preciso fazer trajeto por barcos de vapor.

O pastel do mundo

Com o passar do tempo, o mundo foi ficando cada vez mais globalizado e pessoas, ideias, objetos e até mesmo receitas percorreram os oceanos e chegaram às mais tenras regiões. O Pastel de Belém também. Hoje, é consumido no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos e até em Paris.

Alguns toques da receita permanecem em segredo na loja original, a antiga doçaria portuguesa em Belém. Mas, de certa forma, a receita se espalhou pelo mundo com variações. Geralmente leva como ingredientes açúcar, trigo, limão, ovo, margarina e leite, podendo acrescentar canela e baunilha e, o mais importante, muito jeitinho nas mãos do cozinheiro.

Perfeito para comer junto ao café da manhã, da tarde ou mesmo como sobremesa, o quitute tem massa folhada e sabor doce. É crocante por fora e cremoso por dentro. Deu água na boca? Então experimente essa gostosura o quanto antes e prove um pouco da história de Portugal no Brasil.

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